Os Riscos da Aviação Civil

Desde o início da Aviação Civil, encontramos vários relatos de acidentes aéreos no mundo. É verdade afirmar que, na fase inicial da Aviação Civil ocorriam mais acidentes do que nos dias atuais, isto porque, com o decorrer do tempo, avanços tecnológicos foram obtidos e experiência em aviação adquirida.  Verificamos também que muitas pessoas têm medo ou até mesmo pavor de viajar de avião.

Dessa forma como imaginar, por exemplo, um Boeing 747 ou um Airbus A380 de dois andares, com capacidade de transportar 400, 500 e até 600 passageiros e com peso em torno de 400 toneladas, consegue decolar e se sustentar no ar, voando por várias horas? Para isto as leis da física (Teorema de Bernoulli/Leis de Newton) estão aí para comprovar que é possível.   Heróis foram os que confiaram nestas leis e tiveram a coragem de as utilizar, colocando-as em prática, quando dos voos experimentais.

Figura 1 – Avião da Varig

O Avião é considerado o meio de transporte mais seguro, todavia o grande problema é que se houver alguma falha em voo que comprometa sua sustentabilidade, seja por falha humana ou do próprio avião, ou também fogo a bordo, e venham a ocorrer à queda do avião, as chances de alguém sobreviver são muito pequenas. Entretanto outros meios de transportes, como por exemplo, automóveis e ônibus, estão mais sujeitos a falhas e acidentes, mas com muito menos chances de afetar a integridade física dos ocupantes, por isso o receio de muitos pela viagem de avião pode ser explicada.

De acordo com o PMBOK Guide, a definição de Risco é entendida como um evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou negativo sobre um dos objetivos. No caso da aviação, o objetivo é sair de um Ponto A e chegar ao Ponto B, com a segurança da Aeronave e seus passageiros.

Observe-se também que um acidente aéreo, na maioria das vezes, ocorre por uma sequência de erros, porém também pode acontecer por um equívoco grave, como por exemplo, o desligamento do transponder de uma Aeronave, que tem a finalidade de enviar os dados de sua localização, como latitude e longitude, para os Centros de Controle de Tráfego Aéreo.

Em 29 de Setembro de 2006, o voo 1907 da Gol com 154 passageiros a bordo, partiu de Manaus para Brasília, mas não chegando ao seu destino. Isto se deu porque, sobrevoando a Floresta Amazônica na altura da Serra do Cachimbo, havia um jato Legacy, que fazia a rota Brasília – Manaus, voando na mesma aerovia (mesma altitude e longitude). Infelizmente  a extremidade de uma das asas do Legacy destruiu uma parte da asa esquerda do avião da Gol, resultando na queda deste último, não restando nenhum sobrevivente neste acidente.

Vídeo 1 – Tragédia do voo 1907 da Gol

Uma das causas apontadas pelas investigações foi que o jato Lagacy desligou o Transponder, fazendo com que o Controle de Tráfego Aéreo não pudesse mais monitorar este voo, impedindo a interação do órgão controlador com o Legacy, fato este que não permitiu que o Controle de Tráfego ordenasse a mudança de aerovia, acarretando a colisão entre as aeronaves.

É preciso ressaltar que o Gerenciamento de Riscos no caso da aviação é de fundamental importância, prevendo uma série de ações que se não forem feitas, acidentes aéreos ocorrerão com mais frequência.  Dentre estas ações de Mitigação de Riscos uma se dá, quando a tripulação segue, religiosamente, todos os itens do “Check List” previstos para a operação da aeronave, antes dela decolar, além de outras durante todo o voo.

Note-se também que um Risco que não é percebido pelos passageiros, mas que uma vez ocorrendo, pode ceifar a vida de todos, é no momento do abastecimento da aeronave. Este procedimento ocorre, na maioria das vezes quando os passageiros estão embarcando ou mesmo já acomodados. Caso o aterramento do equipamento não esteja adequado, há o Risco de explosão, fazendo com que vidas sejam perdidas. Uma medida que poderia ser adotada para mitigar o Risco seria a permissão da entrada de passageiros somente após o término do abastecimento, mas as Cias Aéreas adotam essa medida para não atrasarem seus voos e não serem punidas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Outra medida para este caso seria investir em treinamento do pessoal responsável com a finalidade, de reduzir as chances de falhas no aterramento.

Outro ponto preponderante é o fator humano, principalmente os atos do Comandante e Copiloto, responsáveis pela condução da Aeronave até o seu destino final. A avaliação psicológica periódica destes dois profissionais é uma ação de mitigação de Risco. Em Setembro de 1989, o voo 254 da Varig que partiu de Marabá com destino a Belém, devido a um erro humano fez com que a Aeronave mudasse de rota e à arrogância do seu comandante ao não responder nem as chamados do Controle de Tráfego Aéreo, como também a um contato de um avião da FAB, resultou, devido à falta de combustível, na queda do avião na floresta a 60 km ao norte de São Jose do Xingu, matando 13 pessoas das 54 pessoas abordo.

Todavia é bom relevar que, com o passar do tempo, a Aviação Civil vem se aprimorando em relação à segurança do voo. O fator predominante é o registro e a utilização das Lições Aprendidas, que já foi tema de um Post deste Blog. Um exemplo a ser observado é que anteriormente as portas que se encontram entre as cabines de passageiros e comando de uma aeronave não eram blindadas, permitido que vários aviões fossem sequestrados por ameaças a seus tripulantes. Após o atentado de 11 de Setembro de 2001, as empresas passaram a instalar portas blindadas, mitigando o Risco de sequestro dos aviões.

Diante do analisado verificamos que o Gerenciamento de Riscos pode ser empregado não só em Projetos, mas em todas as áreas de atuação, pois os ganhos são imensuráveis. O maior Risco é não Gerenciar os Riscos. O ditado do futebol que afirma que a melhor defesa é o ataque se encaixa muito bem no caso do Gerenciamento de Risco. Se os Riscos não forem atacados, eles atacarão suas atividades, resultando em perdas: vidas, dinheiro, prazos, qualidade etc.

Para saber mais acesse o link de Desastres Aéreos.

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